Justiça

Walter Dias ofereceu hipoteca de fazenda de mil hectares em Jaciara (MT). Ele é suspeito de aplicar golpes em investidores com falsas promessas.

Preso por atrair investidores com falsas promessas, o empresário Walter Dias Magalhães Júnior ofereceu à Justiça de Mato Grosso uma fazenda que não existe como fiança para deixar a cadeia. Walter está preso desde agosto do ano passado no Centro de Ressocialização de Cuiabá (CRC). Em novembro, depois que Justiça arbitrou fiança de R$ 6 milhões, a defesa de Walter apresentou a hipoteca de uma propriedade rural no município de Jaciara, da 148 km de Cuiabá, como garantia. No entanto, um relatório do Ministério Público apontou que a fazenda não existe.

 

Walter foi preso com a mulher em Goiás durante a operação Castelo de Areia da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) da Polícia Civil. Além deles, também foi preso o ex-vereador de Cuiabá e advogado João Emanuel Moreira Lima, apontado como um dos líderes do grupo. O G1 não conseguiu localizar a defesa dos suspeitos.

 

A Fazenda Santa Fé, apresentada pela defesa do suspeito como garantia tem, ao todo, mil hectares. O oficial de Justiça responsável pela avaliação do imóvel havia relatado que a área se encontrava “utilizada com plantação de cana do proprietário”.

 

Segundo sentença da juíza Selma Arruda, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, no entanto, durante avaliação do imóvel foi constatado que a informação prestada não era verídica, uma vez que o atual proprietário da fazenda não possui cadastro de produtor rural e nem é conhecido na região.

 

O relatório do MP apontou também que a área ofertada em garantia “seria sobreposta às áreas de propriedade e que são cultivadas por uma usina”.

 

Após a confirmação das irregularidades, a juíza arbitrou fiança superior ao valor anterior de R$ 6 milhões, “visando apenas evitar que a Justiça se transforme em mais uma das vítimas das fraudes”. Além disso, a magistrada determinou que a conduta do oficial de Justiça seja investigada.

 

Castelo de Areia

 

A operação Castelo de Areia, deflagrada no dia 26 de agosto, levou a prisão de cinco membros da organização criminosa que lucrou mais de R$ 50 milhões, por meio de crimes de estelionatos operados pela empresa Soy Group, com sedes em Cuiabá e Várzea Grande. Os suspeitos respondem por crimes de estelionatos e organização criminosa.

 

Em um dos golpes, uma vítima afirma que o vice-presidente da empresa Soy Group, o advogado João Emanuel, teria utilizado um falso chinês para convencê-lo em um suposto investimento com parceria com a China, fazendo com que o investidor emitisse 40 folhas de cheque, que juntas somam o valor de R$ 50 milhões. O ex-vereador fingiu ser intérprete e falar mandarim.