Cotidiano

Pablo Henrique Borges estava em casa de luxo com diária de R$ 15 mil e já foi acusado, em 2018, de fazer parte de organização criminosa que aplicou golpes financeiros de cerca de R$ 400 milhões

Policiais da 38ª DP (Brás de Pina) prenderam, na manhã desta quarta-feira, dia 16, um homem acusado de ser um dos mandantes da morte do traficante internacional Anselmo Becheli Fausta, o Magrelo, em 27 de dezembro do ano passado, em São Paulo.

Pablo Henrique Borges, de 28 anos, estava hospedado em uma casa de luxo em uma ilha de Angra dos Reis, na Costa Verde fluminense, e já havia sido preso, em 2018, por fazer parte de uma organização criminosa que aplicou golpes financeiros de cerca de R$ 400 milhões .

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De acordo com o delegado Maurício Mendonça, da 38ª DP, o criminoso vinha sendo monitorado pelo setor de inteligência da distrital. Ele estava em um imóvel com piscina, à beira mar, com diárias de R$ 15 mil.

Ontem, a casa em que morava, no Morumbi, na capital paulista, já havia sido alvo de uma busca e apreensão. Lá, foram apreendidos um Porsche Taycan, além de documentos, como passaportes, dele e sua esposa, a influenciadora Marcella Portugal Borges.

De acordo com investigação do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil de São Paulo, Pablo e um amigo, o corretor de imóveis Vinícius Lopes Gritzbach, de 36 anos, seriam os mandantes do homicídio de Anselmo, que tinha um patrimônio avaliado em cerca de R$ 500 milhões.

Ele o teria ajudado a investir U$ 100 milhões do traficante, que seria membro da maior facção criminosa do estado, mas o dinheiro sumiu, o que teria motivado o crime. O agente penitenciário David Moreira da Silva teria contratado Noé Alves Shaun para executar o bandido. Segundo o inquérito, ele foi morto 20 dias depois.

 

Pablo Henrique Borges estava hospedado em uma casa de luxo em uma ilha de Angra dos Reis, na Costa Verde fluminense Foto: Reprodução

Ainda estão foragidos: Danilo Lima de Oliveira, o Danilinho ou Tripa, empresário do ramo do futebol e sócio de uma agência de atletas de renome, que seria um dos responsáveis pelo sequestro de Vinícius; Robinson Granger de Moura, o Molly, dono de uma hamburgueria e investigado por ajudar a lavar o dinheiro de Anselmo.

Em 2017, Pablo e Marcella tiveram uma pré-festa e casamento no civil em que usaram coroas de diamantes e pedras preciosas e ela chegou de carruagem ao Hotel Fasano. No local, estavam 800 convidadas e foram contratadas duas duplas sertanejas, entre elas Maiara & Maraisa, donas de hits do momento. Mas o rapaz acabou sendo preso na véspera sob a acusação de ser um braço de uma organização criminosa que oferecia via WhatsApp e Facebook pagamento de qualquer tipo de boleto com “50% de desconto”.

Naquela ocasião, as investigações apontavam que as pessoas davam metade do valor da dívida para a quadrilha, e o boleto era quitado pelos bandidos a partir da invasão de contas de clientes de bancos. Na lista dos beneficiários, havia centenas de empresas e pessoas físicas interessadas em pagar menos do que deviam, fossem contas de ISS, IPVA, celular ou de TV a cabo. O rombo causado chegou a R$ 400 milhões.

O casal morava em uma mansão em um condomínio de luxo nos arredores de São Paulo, mas reformavam uma segunda moradia luxuosa no Morumbi, bairro nobre da capital. Pablo usava helicópteros para se locomover e ainda tinha na garagem duas Ferraris, um Maserati e um Lamborghini.

Em 2017, alugou um iate por € 42 mil a diária para assistir ao Grande Prêmio de Fórmula 1 em Mônaco. Quando o evento acabou, seguiu até Barcelona e, de lá, a Palma de Maiorca. Em vídeos postados nas redes sociais, Marcella contou que o sacolejar do barco a fez enjoar, mas nada que não compensasse os jantares regados a vinhos de até € 18 mil (cerca de R$ 106 mil)  garrafa. (Paolla Serra / O Globo).