Justiça

A Polícia Federal identificou pelo menos 200 policiais civis, militares e bombeiros atuando a serviço do crime organizado no Rio de Janeiro. Deflagrada na semana passada, a Operação Gladiador investiga a máfia dos caça-níqueis e apontou o envolvimento desses policiais com os bicheiros Fernando Iggnácio e Rogério Andrade, que nos últimos oito anos travam uma guerra pelo controle do jogo na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Os dois permanecem presos. “Acabamos focando nos principais, mas os policiais atuam em várias frentes do esquema: carregando máquinas, recolhendo dinheiro, na proteção dos bicheiros. Só a quadrilha do Rogério Andrade tem mais de 100 policiais”, afirmou o delegado federal Alessandro Moretti, responsável pelo inquérito.

Na primeira fase da investigação, Moretti pediu a prisão de 46 pessoas, das quais 20 são policiais, bombeiros, ex-militares e um ex-agente federal. A Justiça concedeu apenas 19. Ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Álvaro Lins é apontado por Moretti como o líder dos policiais que beneficiavam a quadrilha de Rogério Andrade. Apesar das acusações, Lins não teve a prisão decretada.

De acordo com o delegado federal, o patrimônio dos policiais envolvidos no esquema é incompatível com a função. Ele inclui nesse rol os inspetores Hélio Machado da Conceição, Fábio Menezes de Leão e Jorge Luís Fernandes, todos ligados a Álvaro Lins. “Eles têm apartamentos e carros de luxo, veículos blindados”, disse o delegado. Hélio e Jorge continuam foragidos, mas Fábio está preso.

Segundo a PF, o bando de Rogério Andrade obtinha facilidades nas delegacias por conta do envolvimento dos policiais acusados.

Moretti não detalhou a forma como a quadrilha era beneficiada porque o processo corre em segredo de Justiça. No sábado, a polícia prendeu o policial civil Paulo Cesar Oliveira, o PC. Ainda faltam cumprir oito mandados de prisão. Ontem, as equipes se reuniram na Superintendência da Polícia Federal para uma análise do material recolhido no cumprimento de 82 mandados de busca.

Os bingos fechados pela PF no sábado, durante a Operação Ouro de Tolo, reabriram ontem funcionando apenas com os jogos de cartela. De acordo com a Associação de Bingos do Estado do Rio, a decisão judicial não determinava que as casas fossem lacradas, apenas a apreensão das máquinas de videobingo. A assessoria de imprensa da PF informou que houve engano do delegado ao anunciar a interdição dos bingos.