Justiça

A Justiça Federal de Jales, interior de São Paulo, começou a interrogar hoje (27/10), no salão do Júri do Fórum Estadual da Comarca de Jales, 19 réus presos dos processos criminais originados da Operação Grandes Lagos, deflagrada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal no último dia 5 de outubro.

A Justiça acatou parcialmente a denúncia do MPF no último dia 14 e os réus responderão pelos crimes de quadrilha, sonegação fiscal e previdenciária, crimes contra a organização do trabalho e falsificação. Até o momento já se encontram abertas seis ações penais.

As investigações do caso começaram em 2001, após denúncias recebidas pela Receita Federal e pelo INSS sobre um grande esquema de sonegação fiscal praticado por empresários da região de Jales, São José do Rio Preto e Fernandópolis há pelo menos quinze anos.

Segundo apurado, parte da indústria frigorífica da região se apoiava em um “gigantesco” esquema envolvendo vários núcleos criminosos interligados, dos quais faziam parte empresas em nome de “laranjas”, fiscais da Fazenda Pública e do Trabalho e autônomos que compram e abatem gado. Levantamentos estimam que as organizações criminosas deixaram de recolher ao erário federal quantia superior a R$ 500 milhões.

No último dia 13, a Procuradoria da República no Estado de São Paulo denunciou à Justiça Federal de Jales 36 envolvidos na organização do esquema criminoso ligado a frigoríficos da região dos Grandes Lagos em São Paulo.

Serão interrogados hoje João Carlos Altomari, Ari Félix Altomari, Emílio Carlos Altomari, João do Carmo Lisboa Filho, Romildo Viana Alves, Mauro José Ribeiro, Adílson de Jesus Scarpante, Eduardo Alves Vilela, Walmir Correa Lisboa, Alfeu Crozato Mozaquatro, Valter Francisco Rodrigues Júnior, César Luis Menegasso, Patrícia Buzolin Mozaquatro, Marcelo Buzolin Mozaquatro, Álvaro Antônio Miranda, Djalma Buzolin, Valder Antônio Alves (Macaúba), Marcos Antônio Pompei, Nivaldo Fortes Peres. Os depoimentos poderão se estender até a madrugada de sábado (28/10).

O MPF pediu a prisão preventiva dos principais líderes e colaboradores do esquema, alguns deles acusados por mais de um crime, cujas penas poderão resultar em até 60 anos de cadeia. Os réus já tentaram dez habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 3ª Região, mas todas as liminares foram rejeitadas. Dois HC´s já chegaram ao Superior Tribunal de Justiça, onde também tiveram liminares negadas. Para o MPF, o insucesso dos recursos demonstra a força das peças acusatórias.

Os interrogatórios começaram diante de protestos pacíficos de cerca de 700 pessoas, a maioria funcionários de frigoríficos em Jales pertencentes a grupos empresariais investigados na operação Grandes Lagos, alguns deles em férias coletivas.

ESCLARECIMENTO – Os procuradores da República oficiantes no caso esclarecem, entretanto, que os equipamentos industriais, veículos e contas bancárias das empresas permanecem à disposição das empresas em questão e, portanto, não existe nenhum obstáculo para a continuidade das atividades dos frigoríficos e, portanto, não há nada que inviabilize sua atividade econômica.